A Revista
Insieme, dirigia à comunidade italiana, veiculou nesta quinta-feira (17) uma
ampla entrevista concedida pela candidata Renata Bueno. Na conversa, apresentada
no formato de ping pong pelo jornalista Desiderio Peron, Renata responde sobre as motivações que a levaram a se candidatar, por qual razão escolheu a candidatura
pela USEI - Unione Sudamericana degli Emigranti Italiani, como analisa o
desempenho dos parlamentares eleitos pela circunscrição exterior até aqui, que
problemas entende como específicos da comunidade ítalo-brasileira e como imagina sua
atuação no Parlamento Italiano. Na íntegra abaixo:
Política
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Quinta-feira, 17 de janeiro de 2013, 21h08
Eleições italianas: Candidata Renata Bueno diz que experiência parlamentar lhe concede condições de chegar no Parlamento Italiano com conhecimento e desenvoltura © Desiderio Peron - Insieme
“MINHA ATUAÇÃO COMO PRIMEIRA DEPUTADA FEDERAL BRASILEIRA NO PARLAMENTO
ITALIANO SERÁ FOCADA EXCLUSIVAMENTE EM POLÍTICAS PÚBLICAS ENTRE A ITÁLIA E O
BRASIL”
A candidata a deputado nas próximas eleições italianas, Renata Bueno
(Foto Divulgação)
CURITIBA – PR – Ex-vereadora em Curitiba nascida em Brasília-DF,
Renata Bueno surpreendeu muita gente ao anunciar, no início do ano, sua
candidatura à Câmara dos Deputados nas próximas eleições italianas pela USEI
- Unione Sudamericana degli Emigranti, liderada pelo ítalo-argentino
Eugenio Sangregorio que, no Brasil, recepciona também as candidaturas de
Edoardo Pollasti, ao Senado e Antonio Laspro, à Câmara. “Possuo ampla
experiência parlamentar – justifica ela - o que me concede bagagem política
para chegar no Parlamento Italiano com conhecimento de articulação e de
desenvoltura do mandato.”
“Sempre fui dirigente do Partido Democrático Italiano”- explica ela –
mas, “nesta oportunidade em especial, fui convidada a fazer parte desta lista
independente e que abrange os interesses da comunidade italiana local”. Nos
dados pessoais que encaminhou à revista Insieme, Renata
descreve que é advogada especialista em Direitos Humanos pela Universidade de
Pádova e Mestre pela Universidade de Roma Tor Vergata, onde faz Doutorado.
Militante política filiada ao PPS – Partido Popular Socialista, do
qual seu pai, deputado federal Rubens Bueno, é o líder no Congresso Nacional
brasileiro, Renata “foi eleita, em 2009, a vereadora mais jovem de Curitiba,
a maior cidade do sul do Brasil, marcando seu mandato com projetos de
incentivo à cultura, educação e direitos humanos”. A candidata faz constar
também que “é dirigente partidária na Itália há dez anos e diretora da
Fundação Astrojildo Pereira de estudos políticos, além de membro da Comissão
de Gestão Pública da OAB-PR”. O site do diretório paranaense do PPS ostenta
como matéria de abertura a sua candidatura.
Confira a entrevista que a candidata Renata Bueno concedeu ao editor
da revista Insieme:
Que motivações a levaram candidatar-se?
Há dez anos fui para a Itália fazer uma especialização em Direitos
Humanos e aproveitei a viagem para resgatar a história da minha família,
minhas raízes, estreitar laços familiares e conhecer o processo da imigração
italiana. Esse trabalho renovou em mim o grande amor pela Itália, renovado a
cada dia.
Desde aquele momento, me envolvi ativamente na política italiana.
Retornando ao Brasil, tive a oportunidade de, como vereadora, colocar
diversos projetos em prática, como o intercâmbio entre as Universidades
Federal do Paraná, de Curitiba, e a Tor Vergata de Roma, viabilizando diversos
programas nas áreas de Medicina, Fisioterapia, Educação Física e Direito.
Cito também a forte atuação em projetos da União Europeia para o Brasil,
especialmente nas áreas de direitos humanos, cultura e esportes.
Sou idealizadora da Virada Cultural de Curitiba, inspirada na Notte
Bianca, de Roma, bem como madrinha da festa Mia Cara Curitiba, em
homenagem à cultura italiana no Brasil, além de criadora do Grupo Parlamentar
Curitiba-Itália (na Câmara Municipal de Curitiba - NR).
Tudo isso com a proposta de representar localmente a comunidade
italiana, que tem uma atuação muito forte. Cruzando essa veia política com o
amor pela Itália, acabei naturalmente me envolvendo com a questão eleitoral,
a partir do convite do senador Edoardo Pollastri pra integrar esta lista
cívica.
Por qual razão escolheu a Usei?
Sempre fui dirigente do Partido Democrático Italiano. Nesta
oportunidade em especial, fui convidada a fazer parte desta lista
independente e que abrange os interesses da comunidade italiana local.
Seguimos neste projeto a ideologia de centro esquerda, mas, como a antiga
tradição comunista italiana, tive autonomia de optar por uma candidatura
independente.
Como analisa o desempenho dos parlamentares eleitos pela circunscrição
exterior até aqui?
A meu ver, até este momento a atuação está bastante aquém do esperado,
justamente pela desvalorização dessa representatividade junto ao Parlamento
Italiano e pela falta de interesse dos parlamentares italianos que lá estão
em fomentar uma verdadeira atenção e valorização.
Acredito na importância de executar ações para fortalecer esse
desempenho, usando essa oportunidade de representação para incentivar e
promover mais as atividades com foco no Brasil, colocando nosso País como um
atual protagonista da economia mundial e que pode e deve contribuir com a
Itália neste momento de crise econômica.
Defendo a abertura de novas fronteiras para a juventude que quer
estudar e também incentivar a experiência profissional, além de dar total
atenção aos serviços prestados pelo Governo italiano aos seus descendentes
espalhados pelo mundo.
Que problemas entende específicos da comunidade ítalo-brasileira?
Devemos começar obviamente pelo ponto da insuficiente estrutura
diplomática, que faz com que a esfera consular não consiga atender a todas as
demandas.
A isso soma-se a burocracia consular, a questão das pensões e
aposentadorias, a diminuição de investimentos na difusão da cultura italiana,
no que diz respeito ao idioma, a arte e a música, entre outros; e a
desvalorização da comunidade descendente que vive fora da Itália.
Estes são problemas típicos, mas acredito que hoje é preciso abrir um
olhar especial para a liberação das nossas fronteiras, focar em ideias novas
que contemplem o cidadão jovem, fomentando o intercâmbio universitário, a
experiência profissional. A Itália e o Brasil são países irmãos, temos que
pensar e atuar fortemente com base nesses pilares que englobam a questão das
universidades, da cultura, do turismo e da economia.
Como imagina sua atuação no Parlamento Italiano?
Meu ponto forte é que já possuo ampla experiência parlamentar, o que
me concede bagagem política para chegar no Parlamento Italiano com
conhecimento de articulação e de desenvoltura do mandato.
Minha atuação como primeira deputada federal brasileira no Parlamento
Italiano será focada exclusivamente em políticas públicas entre a Itália e o
Brasil, visando os interesses da comunidade italiana e do cidadão,
beneficiando toda a sociedade brasileira e da América do Sul.
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