terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Gazeta do Povo entrevista Renata Bueno, a pré-candidata do PPS à prefeitura

 "Temos de nos espelhar nos modelos que são no 1"


No dia em que concedeu esta entrevista à Gazeta do Povo, a vereadora Renata Bueno (PPS) estava envolvida em mais uma polêmica na Câmara Municipal de Curitiba. Ela havia sido convidada a explicar na sessão da CPI – que investigava contratos de publicidade da Casa considerados suspeitos – a afirmação de que haveria uma Máfia Derosso, termo usado pela parlamentar para designar um suposto grupo de poder que apoia o presidente licenciado da Câmara, o vereador João Cláudio Derosso (PSDB). Renata não compareceu à sessão.
A pré-candidata do PPS à prefeitura afirma sofrer retaliações dos colegas por esse posicionamento. Mesmo assim, não acredita que isso poderia prejudicá-la num possível mandato como prefeita. “Se eles lutam pelo ideal de Curitiba, acredito que estarão dispostos [a esquecer o passado]”, diz Renata, que garante que o PPS terá candidatura própria neste ano. O partido faz parte da base aliada do governador Beto Richa (PSDB), que apoiará a candidatura à reeleição do prefeito Luciano Ducci (PSB).
“Em 2012 inicia-se uma nova história, que nós mesmos queremos construir. Temos potencial para isso e é fundamental saber que, diante de todos esses escândalos na política curitibana, nós não temos espírito para nos vincular a qualquer grupinho de poder”, completa.

É certo que o PPS terá candidatura própria neste ano?
A única coisa 100% definida é que teremos candidatura própria. Quanto ao nome, provavelmente será feita uma pré-convenção em março ou abril para definir isso.

Na última eleição para prefeito, o PPS esteve junto com Beto Richa (PSDB) e com o vice e agora candidato à reeleição, Luciano Ducci (PSB). A decisão de ter candidatura própria não cria um desconforto nessas relações?
O PPS sempre foi um partido acima de tudo independente, lutando pelos seus ideiais e pelo conforto da população. O nosso foco é exclusivamente o bem comum. Fizemos aliança com Beto Richa nas eleições de 2008 e estamos contribuindo com a administração municipal e temos secretários do estado que colaboram com a administração de Beto Richa. Mas nós estamos colaborando com uma eleição que passou. Em 2012 inicia-se uma nova história, que nós mesmos queremos construir. Temos potencial para isso e é fundamental saber que, diante de todos esses escândalos na política curitibana, nós não temos espírito para nos vincular a qualquer grupinho de poder.

O posicionamento da senhora no caso da CPI do Derosso causou algum mal-estar com o PSDB?
Alguns vereadores do PSDB não aceitam. Mas eu tenho recebido retaliações de todos os lados.

E se for eleita, como ficaria a relação com a Câmara Municipal?
Será a melhor relação possível. Eu, como prefeita, quero dar a melhor condição para a Câmara Municipal reconquistar a confiança da população. Porque a obrigação dela é representar o povo e ela tem de fazer isso de maneira plena. Mas independente de quem esteja lá dentro, eu torço para que a Câmara reconquiste a confiança da população e eu quero dar essa condição. Darei total confiança aos vereadores, aos trabalhos deles. Também é muito importante não ter subordinação entre o prefeito e a Câmara Municipal. É isso que esvazia o trabalho do vereador hoje.

Mas será que eles estariam dispostos a esquecer o passado e colaborar com a nova prefeita?
Se eles lutam pelo ideal de Curitiba, acredito que estarão dispostos [a esquecer o passado].

O seu pai, o deputado federal Rubens Bueno, também se coloca como pré-candidato do PPS à prefeitura?
Ele não se coloca, mas é natural que o nome dele apareça, porque é o mais conhecido, mais forte. Mas é ele quem não quer. Justamente porque acha que já cumpriu com a missão dele e acredita que esse espírito jovem e feminino acaba trazendo uma nova esperança para a cidade.

A senhora está fazendo um doutorado em Roma. Será possível conciliar os estudos com uma campanha eleitoral?
Sim, até porque esse doutorado veio dentro de um projeto para Curitiba. No início do meu mandato, eu percebi uma dificuldade muito grande com a legislação da nossa cidade. Então, é um trabalho em cima dessa legislação, que vai ser muito bom para o gestor público e também para o cidadão.

Qual a opinião da senhora sobre o atual projeto do metrô?
Eu sou favorável ao metrô, mas não a esse projeto. Porque ele substitui uma linha já existente em vez de integrar o transporte como, ao meu ver, seria correto.

Então a senhora é favorável ao metrô, mas em outro local?
[Sou a favor de um modelo] com linhas transversais, que integrem o sistema já existente.

O que pode ser feito para melhorar o trânsito da cidade?
Incentivar o uso do transporte coletivo, porque a partir do momento que a gente tem um bom sistema, acaba fazendo com que as pessoas deixem seus carros e optem pelo transporte coletivo. Dar acesso a ciclovias e ter boas calçadas para que as pessoas possam caminhar. A mobilidade urbana integra tudo que se move e acaba acoplando muito a questão da sustentabilidade. Esses são dois eixos importantíssimos.

A senhora não dirige, mas como passageira, o que a irrita no trânsito?
O próprio trânsito. Não tem explicação os acumulados de carros. E muitas vezes isso ocorre por um erro bobo. Por exemplo, já cansei de ver o guincho do Diretran tirando os carros mal estacionados e com isso atrapalhando todo o trânsito, porque eles ocupam duas pistas. Se você tiver um sistema integrado de informações, com uma central operativa, a partir do momento que você tiver um problema, pode mandar informações para as pessoas, com painéis, para que elas possam procurar vias alternativas.

Estaria disposta a ampliar as ciclofaixas?
Com certeza. Essa coisa de ter horários para as ciclovias, isso não existe.

Qual meta social a senhora gostaria de atender?
Na periferia, a gente tem muito problema em relação à saúde. Sobre a educação, eles dizem que nós temos a melhor do Brasil, mas o Brasil não é meta para Curitiba. Nós temos de nos espelhar em modelos que são número um do mundo. Acho que tem um pouquinho de cada coisa que tem de melhorar.

O que a senhora mudaria em Curitiba?
A segurança. Eu gostaria de dar conforto para toda a população, para a gente poder se sentir livre.

O que é possível fazer para melhorar isso?
A gente precisa investir muito nas novas gerações, na prevenção.

A senhora já pensa em alguma inovação para a cidade?
Penso na questão de mobilidade urbana. Instalar uma central operativa, com todas as informações integradas e, principalmente, dando informação ao usuário. Com informações em tempo real e todo o sistema integrado.

O que mais gosta em Curitiba?
Da organização.

O que menos gosta.
Da violência.

Qual o seu local favorito em Curitiba?
O Paço Municipal.

Quem é o curitibano?
Um bom formador de opinião.

E o curitibano é fechado ou tímido?
O curitibano é um intelectual. Então, ele é mais reservado nos seus pensamentos e ideias.

O que define Curitiba?
Uma cidade internacional, projetada no mundo todo.

Existe algo que a senhora viu em outra cidade e que adaptaria a Curitiba?
Há várias ideias, principalmente em relação à mobilidade urbana, com a organização do transporte coletivo pensando num sistema integrado de transporte.

Tem alguma feira que frequente?
A do lado da minha casa, na Dom Pedro. Também gosto de ir à feira hippie no Largo da Ordem, à de gastronomia do Batel e à da Praça Ucrânia.

Qual a sua praça favorita?
A Praça Espanha, pelas atividades que tem ali.

E o parque favorito?
O Barigui e o São Lourenço.

Um personagem histórico da cidade que destacaria.
Desde pequena, quem sempre me chamou a atenção foi o Oil Man, uma pessoa que marcou desde que eu era pequena.

Costuma caminhar pela cidade?
Eu caminho muito na região da minha casa [bairro Batel]. Faço Pilates na Avenida Batel, então eu ando umas 10, 11 quadras.

E o que acha das calçadas?
Eram complicadas, mas agora estão melhorando. Mas eu não enxergo muito bem, então cansei de me machucar com buraco, com pedras.